sábado, 16 de março de 2013

Quando eu era criança me disseram que eu seria nada. Minha calmaria era definida como preguiça e minha bajulação como estragar. Disseram também que minha mãe trabalharia até cair os dentes para cuidar de dois filhos sozinha e minha irmã era uma ingrata.

Não há história de escassez, vingança ou ressentimento. A história nunca foi triste. O contexto não é triste. O texto é amor de gratidão, e não é a dos vencedores que atingem seus objetivos, e sim, a que eu carrego incessantemente nas minhas costas.   

Não temos sentimento de vingança ou ressentimento, só amor.

domingo, 4 de novembro de 2012

Pela primeira vez me deu vontade de escrever. Eu queria escrever quando estivesse com perspectivas felizes e isso demorou. Eu vou morrer. É isso a vida. Nascer, crescer, reproduzir e morrer. Eu não sou diferente. Passei boa parte da minha vida imaginando como quebrar o sistema. Eu aceitei o sistema. Aceitei ser parte dele. Não vou explodir o Planalto Central. Não vou fazer uma série de assassinatos de políticos corruptos. Estou vendido.  Vou vender minha vida pra viver. Vou vender minha vida pra ter uma vida comum. Eu cansei mentalmente. O mundo é denso demais e meu cérebro cansou. Hoje, eu quero ter uma vida alienada. Eu conflitei vários anos para não ser assim, trabalhei minha mente para ter um senso crítico e enterrei tudo nas tortuosas vielas do meu cérebro quando tive que tomar uma decisão pra fazer sentido. Acho que no fim é isso: não ter sentido. Sinto-me um vendido. Sinto-me travado igual às frases desse texto.  Vou me prostituir.